sexta-feira, 3 de maio de 2013

Alguns Relatos, História do Visual Merchandising



Antes do século XVIII, os varejistas pouco se importavam com a aparência de suas lojas e a apresentação das mercadorias. Poucos produtos eram expostos.
Em vez do auto-serviço, o cliente que entrava na loja precisava pedir ao lojista o que queria, para que o mesmo fosse buscar o produto que estava guardado em uma sala a parte.

A evolução do VM de loja trouxe um "novo" processo de compras. Não era mais um compromisso verbal entre os varejistas e os clientes, mas agora uma "experiência sensorial". 
Esse primeiro passo na evolução do Visual Merchandising (VM) de loja ocorreu quando pequenas lojas começaram a mostrar suas mercadorias abertas ao público, em vez de mantê-las guardadas em salas. 


O segundo passo no processo de evolução ocorreu na Europa durante o início do século XIX com o desenvolvimento das arcadas.

Arcadas, ou passagens, foram coberturas de ruas construídas com ferro e vidro. Historicamente, elas podem ser rastreadas até bazares da Península Arábica e da Ásia Menor.

A experimentação com novos materiais melhorou muito a qualidade estética das lojas que estavam alojadas dentro das arcadas.

Arcadas ou Passagens.

As características principais das arcadas foram clarabóias de vidro, que muitas vezes estendiam-se por todo o comprimento do corredor.

As clarabóias criaram um ambiente completamente fechado, visualmente estimulante para as compras.

Infelizmente, as clarabóias eram extremamente caras e causaram muitas dificuldades técnicas. Além disso, a área comercial visualmente atraente que as arcadas criavam, geralmente não se estendiam para dentro das lojas. Portanto, as arcadas tornaram-se associadas principalmente com os observadores que estavam apenas a andar ao redor – e não necessariamente a procura de lojas.

Palácio de Cristal, 1851.
A criação da Grande Exposição marcou o próximo passo na evolução do Visual Merchandising.

A Grande Exposição, que começou em Londres em 1851, com A Exposição do Palácio de Cristal, foi inicialmente criada para apresentar e demonstrar novas tecnologias. Logo se tornou enorme, feiras lotadas em que a mercadoria era exibida em cenários exóticos e elaborados.
Os varejistas aprenderam que eles seriam mais bem sucedidos se mostrassem suas mercadorias abertamente e de forma estratégica para o público. 

Eles também observaram que era melhor não colocar objetos diretamente sobre o chão, mas sim em plataformas ou pedestais – elevando a mercadoria mais próxima do nível dos olhos.
As exposições eram muitas vezes temáticas, criando uma atmosfera de uma terra distante e exótica. 

Por exemplo, a Exposição de Paris de 1899, incluía uma réplica de uma rua no Cairo (Egito), com dançarinas do ventre. Os varejistas queria que as pessoas que entrassem em sua exposição pudessem se sentir como se tivessem acabado de entrar em outro mundo. 

Segundo Maurice Talmeyr, um crítico social e jornalista, “A Grande Exposição contia templos hindus, cabanas selvagens, pagodas (torres japonesas), dos souks (mercados árabes), becos argelinos, chineses, japoneses, sudaneses, senegaleses, siameses e os quartos do Camboja - um bazar de climas, estilos arquitetônicos, aromas, cores, gastronomia e música."



Cenários das "Grandes Exposições" em pinturas

Aristide Boucicaut surgiu com a ideia de criar uma loja que vendia todo tipo de mercadoria, atraiu multidões, e permitiu que as pessoas vagueassem livremente sobre, "uma cidade dentro de uma cidade”. Em 1838 ele abriu Le Bon Marché, em Paris - tornando-se a primeira loja de departamentos do mundo.

Fachada da "Le Bon Marchè"

A ascensão das lojas de departamento, ou grande empório, no século XIX, trouxe mais mudanças para o visual merchandising.

As lojas de departamento primitivas continuaram com a ideia de apresentar a mercadoria num estabelecimento elaborado e luxuoso. Técnicas que antes eram usadas ​​nos pequenos armarinhos, exposições e galerias foram experimentadas, e usadas ou rejeitadas.

As lojas de departamentos do século XIX transformaram o conceito de visual merchandising. Ao fazer isso, mostrar a mercadoria foi um dos aspectos mais importantes da experiência de compras.
O conceito de lojas de departamento mais tarde se espalhou para a América, onde abriram as famosas galerias que sobreviveram até hoje: Macy's em Nova York, desde 1858; Marshall Field´s, em Chicago, desde 1865; Bloomingdale's, em Nova York, desde 1872 e Wanamaker na Filadélfia, em 1876. 
Não podemos atribuir especificamente a qualquer empresa ou loja de departamento o crédito por ter criado a primeira vitrina de natureza teatral para atrair a atenção dos clientes, mas podemos citar várias pessoas que ajudaram a estabelecer diretrizes que ainda hoje dominam o mercado. 

Na sequência: Macy´s, Marshall Field´s, Bloomingdale´s e Wanamaker.

Em 15/03/1909 o empresário americano Gordon Selfridge inaugurou em Londres a Selfridge´s, com sua vitrina de vidro enorme e cheia dos melhores produtos que se podia oferecer à época.

Selfridge também revolucionou o mundo do visual merchandising ao iluminar as vitrinas durante o anoitecer e mesmo quando a loja já estava fechada (as pessoas olhavam as vitrinas no retorno do teatro).

Selfridge nunca perdeu uma oportunidade de promover o seu negócio. Quando em Julho de 1909, Louis Blériot fez um pouso forçado em um campo aberto perto de Kent, depois de atravessar o Canal da Mancha, Selfridge transportou em um trem o avião, para expô-lo posteriormente na vitrina de sua loja.

Vitrina teatral da Selfridge´s de 1909.

As lojas de departamentos do século XIX transformaram o conceito de visual merchandising em quatro aspectos:
1. Ainda inspirados nas exposições mundiais, mostrar a mercadoria foi um dos aspectos mais importantes da experiência de compras. Os varejistas foram capazes de não só trazer as técnicas às suas lojas, mas com elas puderam "experimentar" o que as pessoas gostavam, enquanto frequentavam o PDV.
2. A segunda transformação se deu no uso do luxo no design de interiores. Eles utilizaram muitas das mesmas técnicas e materiais empregados na construção das Arcadas, em um esforço para trazer a beleza e conforto do exterior para o interior. Essas lojas de departamento se esforçaram para exalar um sentimento de luxo, mesmo que fosse só uma impressão. Havia enormes lustres, vitrais, mármore, tapetes orientais, de madeira polida, arte e varandas.
3. Em seguida, em um esforço para transmitir aos consumidores que o abastecimento de mercadorias era infinito, os proprietários das lojas de departamento expuseram seus produtos de forma excessiva e caótica. Essa sensação de excesso gerava no consumidor o desejo de compra, tudo pelo medo do desabastecimento.

4. Por último, as lojas de departamentos do século XIX continuaram e aperfeiçoaram o uso de ambientes temáticos, semelhantes aos que foram usados nas Grandes Exposições. Os produtos eram frequentemente apresentados em exposições temáticas e exóticas, incluindo retratos de salas parisienses, ambientes sauditas, japoneses ou egípcios. Nessa época, a posse de itens exóticos de lugares como África e Oriente Próximo, tornou-se "moda". No entanto, os autênticos artefatos exóticos eram muito caros. As lojas de departamento expunham, então, produtos “genéricos”, de valor mediano, nesses ambientes artificialmente criados, aumentando o valor percebido das mercadorias pelo consumidor.

Fonte:http://mmdamoda.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html

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